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sombras

talvez sejam mesmo os óculos. sem eles, tudo que olho parece uma foto desfocada dessas câmeras analógicas antigas que embaçam sem querer. descrever não vale muito, eu gostaria mesmo era de te emprestar um pouco os meus olhos nus que não enxergam nada sem essas lentes grossas penduradas em tantas armações diferentes desde que percebi que, naturalmente, não poderia olhar pro mundo e saber o que fazer com cada passo sem que os estivesse usando. uma droga. mas isso serve de algo - agora, ao menos. o desforme me conquista com seus rastros de luz e sombra. uma variação sublime entre a lucidez e o delírio, como procurar a tato o que vem de encontro sem saber exatamente o que é. um vulto, umas cores, uns reflexos, um fio de luz vindo de não sei onde que pousa nos dedos da minha mão esquerda. nada se toca, definitivamente, mas a sensação é a de estar com os braços tomados, entrelaçados com o inalcançável, com os pelos sendo lambidos pela língua quente da noite.



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